“Se você está indo para a Alemanha e não sabe falar alemão, não se preocupe! As pessoas também falam inglês lá”. “Depois de viver em um país estrangeiro por 4 anos, ainda enfrento dificuldades para ter uma conversa no idioma local.”
Escuto frequentemente relatos como esses de pessoas que mudaram de país sem saber o idioma ou que, mesmo depois de um tempo, percebem que ainda não atingiram um nível satisfatório de comunicação. No entanto, essas experiências são pouco compartilhadas. Geralmente, conhecemos a história após os obstáculos serem superados, quando apenas fica a lembrança positiva da conquista, sem enfatizar tanto os desafios e percalços do processo.
Tudo novo de novo
Ao chegar em um lugar novo, pode parecer óbvio que tudo estará em outro idioma, mas às vezes não percebemos a extensão disso. Não apenas as pessoas falarão em uma língua desconhecida, mas tarefas simples como fazer compras em um supermercado podem se tornar um grande desafio. É como se você se tornasse analfabeto da noite para o dia, incapaz de compreender até mesmo as placas de metrô, as opções no menu de um restaurante ou o rótulo dos remédios na farmácia. Embora essas descobertas possam parecer divertidas nos primeiros dias, com o tempo, podem ser bastante frustrantes. Você pode tentar fazer perguntas e não conseguir encontrar as palavras certas, ou simplesmente não compreender as respostas que recebe.
O luto da língua e como ele pode nos afetar
Quando migramos ou fazemos um intercâmbio vivenciamos uma série de lutos relacionados ao que mudamos e deixamos para trás. Um deles é o luto da língua. Tudo o que conhecíamos, em algum momento, foi nomeado e associado a uma palavra, mas agora não é mais o mesmo. Isso acontece mesmo se você for para um país onde falam a mesma língua que você, mas onde gírias e maneiras de dizer as coisas são diferentes. E definitivamente, isso é vivido com mais intensidade quando o idioma não é familiar. O fato de não nos sentirmos seguros ao nos expressarmos ou tentarmos nos comunicar nos fará sentir vulneráveis, ansiosas/os, nervosas/os e pode até afetar nossa autoestima ou fazer com que tenhamos comportamentos regressivos, como nos tornarmos tão tímidos quanto éramos quando crianças/adolescentes. Embora possamos encontrar outras formas de nos comunicar, através de gestos ou em outro idioma em comum, não nos expressaremos nem receberemos informações da mesma maneira como costumávamos fazer quando falávamos nossa língua nativa.
O que influencia no aprendizado
Aprender um novo idioma é um processo que depende de vários fatores. Seu interesse no assunto, suas habilidades pessoais, o tempo que você dedica ao estudo e se já aprendeu algum idioma anteriormente são alguns dos pontos que influenciam no aprendizado. Apenas ir para um país pode não ser suficiente, sendo necessário desenvolver um método que se ajuste às suas necessidades, seja por meio de estudos, exposição mais frequente ao idioma, solicitação de correções por parte de outras pessoas ou aulas formais.
É importante ressaltar que o grau de dificuldade que você encontrará dependerá muito do lugar que escolher. Em algumas localidades, como na Itália, Portugal e Espanha, o idioma nativo pode ser muito semelhante ao local, por exemplo essas línguas tem origem latinas. Nesses casos, não saber o idioma não será tão grave, pois você poderá entender e se fazer entender um pouco mais. Se o local for turístico ou cosmopolita, também influenciará na facilidade de comunicação. Mesmo sem falar o idioma local, você pode falar inglês e conseguir se comunicar na maioria dos contextos. No entanto, em geral, depois de viver no local, você se sentirá mais confiante e segura/o ao falar o idioma local. Além disso, isso trará muitas oportunidades de trabalho e socialização.
Aprender um novo idioma pode trazer uma série de benefícios para diversos aspectos da vida. A nível cognitivo, estudos indicam que o aprendizado de um novo idioma pode aumentar a plasticidade cerebral, melhorar a memória e a concentração. A nível psicológico e emocional, pode aumentar a autoestima, a confiança e a resiliência emocional, além de promover a comunicação com pessoas de outras culturas e a compreensão de diferentes perspectivas culturais, expandindo sua mente, quebrando velhos estigmas e ampliando a sua capacidade de se comunicar dizendo o mesmo de muitas maneiras.
Considere buscar apoio psicológico e emocional
A psicoterapia pode ser uma ferramenta valiosa para superar as barreiras emocionais e comportamentais que podem surgir durante o processo de aprendizado de um novo idioma. O processo terapêutico pode ajudar a identificar e lidar com sentimentos de ansiedade, insegurança e medo que possam estar atrapalhando o progresso no aprendizado. Além disso, pode ajudar a desenvolver habilidades de comunicação, autoconfiança e resiliência emocional, que são importantes para se sentir confortável e confiante ao falar em um idioma estrangeiro.
Aprender um novo idioma custa e é incômodo mas vale a pena
Aprender um novo idioma pode ser desafiador e frustrante. Imagine o tempo que levou para aprender todo o vocabulário do seu idioma nativo. Agora, pense na quantidade de informações que você precisa processar em muito menos tempo para falar fluentemente um novo idioma. Apesar da pressão para aprender ser grande, é importante ser gentil consigo mesma/o e entender que requer muita paciência e energia. Não se sobrecarregue tentando aprender tudo de uma vez. Mesmo falar como uma criança de cinco anos (como já escutei de pacientes na clínica) após um tempo, já é um grande sucesso. Embora o processo possa ser um pouco tedioso, também pode ser divertido se você permitir. Ver seu progresso e, finalmente, ser capaz de falar um novo idioma, valerá a pena todo o esforço e expandirá suas possibilidades de vida.
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