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Construindo uma Vida com Bem-Estar no Exterior: O Papel da Aceitação em nossa Saúde Mental

Querida comunidade brasileira que nos segue,

Como psicóloga dedicada a acompanhar brasileiras e brasileiros vivendo no exterior, testemunho de perto as dores singulares que enfrentamos longe de nossa pátria. A adaptação a uma nova cultura, superar barreiras linguísticas e lidar com a distância de amigos e familiares constituem uma jornada emocionalmente desafiadora. Neste contexto, a saúde mental emerge como uma prioridade crucial para alcançar nosso bem-estar.

 

Por isso gostaria de compartilhar com vocês um conceito fundamental para psicologia, mais especificadamente no contexto da terapia de aceitação e compromisso (ACT em inglês ou ACT em português): a aceitação. A ACT é uma abordagem terapêutica que já falamos muito sobre aqui e orientada para a ação – uma ação que nos ensina desafiar a evitação, a negação e a luta contra nossas emoções internas. Em vez disso, vamos buscar aceitá-las como respostas apropriadas a certas situações, sem que isso nos impeça de progredir em nossas vidas de acordo com o que é importante para nós.

 

“De acordo com Steven Heyes, psicólogo que desenvolveu a ACT, queremos com essa perpectiva que as pessoas começam a aceitar suas dificuldades e se comprometem a fazer mudanças necessárias em seu comportamento, independentemente do que está acontecendo em suas vidas e de como se sentem sobre isso.”

“Para Heyes, se você deseja se sentir forte e saudável, precisa comer seus legumes, salada, frutas – mesmo que prefira experimentar aquele novo restaurante de hambúrgueres. Se você deseja construir um relacionamento amoroso saudável com seu companheiro/a, precisa focar em ser gentil e atenciosa(o) – especialmente quando preferiria apenas gritar nos momentos de estresse. Simplificando, aceitação é a capacidade de sentir toda a gama de seus pensamentos e emoções sem os evitar desnecessariamente ou se apegar a eles em prol do que mais importa para você.”

 

Mas o que significa realmente aceitação neste contexto?

Uma coisa eu posso adiantar: aceitação não é resignação ou passividade diante das dificuldades da vida. Pelo contrário, trata-se de reconhecer e acolher nossas experiências internas, mesmo que sejam desconfortáveis ou dolorosas. Em vez de combater pensamentos ansiosos, por exemplo, aprendemos a permitir que eles estejam presentes sem nos deixar consumir por eles. Isso não implica que esses pensamentos ansiosos irão desaparecer magicamente, mas sim que podemos aprender a conviver com eles de maneira mais saudável. Sem negar o sofrimento que eles causam, mas também não paralizar em função disso e deixar de viver coisas importantes para nós.

 

No contexto de viver no exterior, a prática da aceitação pode ser especialmente relevante. Muitos de nós enfrentam sentimentos de solidão, tristeza ou nostalgia, principalmente nos primeiros meses em um novo país. Em vez de resistir ou suprimir esses sentimentos, podemos aplicar os princípios da aceitação para reconhecê-los e permitir que façam parte de nossa experiência.

Um exemplo seria: “Eu aceito que mesmo querendo muito viver no exterior e estar tendo momentos de muita alegria aqui, sigo sentindo saudades da minha familia e amigos no Brasil ao ponto de ter dias de muita tristeza. Vou conviver com essas emoções, mas sem deixar de aproveitar quando possível a minha estadia aqui e os momentos de alegria que isso traz”.

Ao fazê-lo, liberamos a energia antes empregada na luta contra esses sentimentos, e podemos canalizá-la para ações que promovam nosso bem-estar, como buscar atividades que nos tragam alegria, conectar-nos com a comunidade local ou cultivar relacionamentos significativos.

 

“A ideia por trás da ACT é que nossos problemas não vêm apenas das experiências dolorosas em nossas vidas. Pelo contrário, grande parte de nosso desconforto vem da luta contra os sentimentos e pensamentos desconfortáveis sobre essas experiências.”

 

Obviamente, colocar isso em prática é difícil. Assim como ir na musculação 3x por semana é difícil. Mas se você aos poucos pratica para desenvolver esse hábito, ele começa a se tornar mais fácil. Para Heyes, esse processo começa com pequenos passos e situaçōes que não são necessariamente tão desafiadoras ou úteis para seu contexto. Por exemplo, durante o seu treino de musculação, você pratica movimentos que não são realmente importantes naquele momento específico. No entanto, ao praticar esses movimentos quando não importa, você os terá em seu conjunto de habilidades quando importar. Da mesma maneira praticar a aceitação quando não importa ajuda para que você tenha a habilidade quando importar. É interessante começar a treinar a habilidade de aceitação quando você não está particularmente tão triste, ansiosa(o), solitária (o), envergonhada (o), zangada (o) ou estressada(o), para poder aplicar a habilidade quando se sentir qualquer um ou todos esses sentimentos com mais intensidade.

 

Além disso, a aceitação pode nos auxiliar na superação dos desafios práticos da vida no exterior, como a adaptação a uma nova cultura ou a aprendizagem de um novo idioma. Em vez de nos sentirmos frustradas(os) ou desanimadas(os) diante das dificuldades, podemos aceitar que o processo de adaptação é naturalmente desafiador e estar abertos para aprender e crescer com ele.

 

No entanto, é crucial destacar que a aceitação não é o único componente da ACT. O compromisso também desempenha um papel essencial. Isso implica estar disposta(o) a agir de acordo com nossos valores e objetivos, mesmo quando enfrentamos dificuldades ou desconforto emocionais. Por exemplo, se valorizamos relacionamentos interpessoais significativos, podemos nos comprometer a superar a timidez inicial e buscar oportunidades de socialização, mesmo que isso seja desconfortável para nós inicialmente.

 

Em suma, a terapia de aceitação e compromisso oferece uma abordagem poderosa para construir uma vida com mais bem-estar no exterior. Ao praticarmos a aceitação de nossas experiências internas e nos comprometermos com ações alinhadas com nossos valores, podemos cultivar resiliência emocional e edificar uma vida significativa e gratificante, mesmo distantes de nossa terra natal.

 

Se você está enfrentando desafios em sua jornada no exterior, saiba que não está sozinha(o). Buscar apoio terapêutico pode ser um passo valioso para explorar esses desafios e desenvolver habilidades para enfrentá-los de maneira saudável e construtiva.

 

Com carinho,


Mirela Cardinal
é psicoterapeuta especialista em Saúde Mental e Saúde Pública, e se dedica a ajudar brasileiros/as que vivem no exterior a melhorar sua saúde mental e bem-estar e profissionais de tecnologia do mundo todo a construir seus primeiros passos em suas carreiras profissionais. Com formação em Psicologia há 10 anos e Mestrado pela University of Florida nos Estados Unidos, Mirela tem experiência em pesquisa nos Brasil e Estados Unidos em temas como Psicologia Social, Estudos de Gênero e Sexualidade e uso abusivo de substâncias, o que traz uma perspectiva interdisciplinar e multicultural para o seu trabalho como psicoterapeuta. Ela é uma das psis Intercambiamente, que oferece suporte online a pessoas em todo o mundo, ajudando-os a desenvolver habilidades para lidar com emoções difíceis e construir uma vida mais plena e satisfatória. Seu objetivo é fornecer um espaço seguro e acolhedor para que a pessoa possa explorar seus pensamentos e sentimentos, descobrir seus valores e aprender a agir de acordo com eles.

Referências:

https://www.psychologytoday.com/us/therapy-types/acceptance-and-commitment-therapy
https://www.psychologytoday.com/us/blog/get-out-your-mind/202109/the-bittersweet-art-acceptance

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