Gostaria de abrir um espaço para conversarmos sobre uma emoção frequentemente mal interpretada e reprimida, especialmente entre nós mulheres: a raiva. Desde pequenas, muitas de nós fomos ensinadas que expressar raiva é inapropriado. Ouviu-se frases como “Calma, querida”, “Baixe o tom de voz”, “Não seja histérica”, que moldam a forma como devemos nos comportar socialmente. Nos dizem que uma “boa menina” deve sempre ceder, ser tranquila, empática, falar baixo e manter a calma, colocando as necessidades dos outros antes das suas próprias.
No entanto, é essencial entender que evitar a raiva não nos torna boas pessoas, assim como senti-la não nos faz más. A raiva é uma emoção humana, e como todas as emoções, tem sua função. Ela nos alerta sobre limites ultrapassados, necessidades ignoradas e injustiças sofridas. Reconhecer e entender a raiva é um passo fundamental para nossa saúde emocional.
O Papel da Raiva na Autodescoberta
Durante minhas sessões de terapia online, encontro muitas mulheres que, assim como eu, estão trabalhando para se libertar dessa necessidade de sempre agradar e não desapontar os outros. É revelador quando, no processo terapêutico, essas mulheres começam a acessar sua irritação e, por vezes, uma raiva tímida. Como psicóloga, celebro esses momentos porque são oportunidades de reconhecer a raiva como uma emoção válida que pode nos ensinar muito sobre nossos limites, nossas necessidades e nossas injustiças pessoais.
A raiva, frequentemente vista como uma emoção exclusivamente masculina, é uma força que pode nos guiar para uma vida mais autêntica. Acreditar que a “energia feminina” não inclui a raiva é uma visão distorcida que impede muitas de nós de nos expressarmos plenamente e de nos defendermos adequadamente. Sentir e expressar raiva de maneira justa e autêntica é um direito de todos, inclusive das mulheres, especialmente diante de injustiças.
Transformando a Raiva em Ação Construtiva
Na sociedade, uma mulher que mostra raiva muitas vezes é estigmatizada. É vista como desagradável ou agressiva, especialmente em ambientes como o local de trabalho, a universidade ou espaços públicos. Mas precisamos questionar: por que a raiva é tão aceitável e até esperada em homens, mas vista como algo negativo em mulheres?
Ao trabalharmos terapeuticamente com a raiva, não incentivamos ações impulsivas ou destrutivas, mas sim um entendimento profundo dessa emoção. A raiva pode ser um catalisador para a mudança positiva quando aprendemos a regular sua intensidade e a canalizá-la de maneira saudável. Aqui estão algumas práticas que podem ajudar:
- Reconheça a Raiva: Ao invés de suprimir ou ignorar sua raiva, permita-se reconhecê-la. Pergunte a si mesma: “Por que estou com raiva? O que essa raiva está me dizendo?”
- Identifique as Causas: Tente identificar as situações ou padrões que desencadeiam sua raiva. Isso pode ajudar a compreender melhor seus limites e as mudanças necessárias em sua vida.
- Expressão Saudável: Encontre formas saudáveis de expressar sua raiva. Isso pode incluir escrever sobre seus sentimentos, conversar com alguém de confiança ou praticar atividades físicas que ajudem a liberar a tensão.
- Transformação em Ação: Use sua raiva como uma força para estabelecer limites claros, reivindicar seus direitos e fazer mudanças necessárias em sua vida pessoal e profissional.
A raiva não é um sinal de falta de controle ou agressão, mas um indicativo de que algo importante para nós está sendo ameaçado ou desrespeitado. Quando acolhida e compreendida, a raiva pode se tornar uma aliada na construção de uma vida mais autêntica e equilibrada.
Abraçando a Raiva como Caminho para a Autenticidade
Vamos juntas desmistificar a raiva e reconhecê-la como uma parte essencial de nossas vidas. Ao fazer isso, podemos usar essa emoção de forma construtiva, para proteger nossos direitos, estabelecer limites saudáveis e, sim, para dizer “não” quando necessário. Comece agora, refletindo sobre sua própria experiência com a raiva: Quando foi a última vez que você se permitiu sentir raiva? O que essa emoção estava tentando lhe mostrar?
Este espaço está aberto para suas histórias e reflexões. Estou aqui para ouvir e apoiar você nessa jornada de autodescoberta e empoderamento.
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