Você se considera feliz no exterior? Antes de responder, saiba que a sua percepção pode estar equivocada. Afinal, o que pensamos sobre a felicidade pode nos levar a uma armadilha que nos impede de alcançar uma vida plena e satisfatória. De acordo com o renomado psicólogo Russ Harris, existem 3 mitos sobre a felicidade que muitas pessoas acreditam, mas que na verdade são obstáculos para a realização pessoal. Neste texto, vamos desmistificar essas crenças relacionando-as à vida no exterior e apresentar estratégias para que você possa alcançar uma vida com mais significado e verdadeira felicidade. Não se contente com a superficialidade do que a sociedade te impõe, permita-se transcender e alcançar um estado de plenitude que realmente valha a pena.
Confira os 3 mitos que sabotam nossa felicidade e como superá-los
- MITO 1
Muitos pensam que ter um emprego, um apartamento e algumas amizades em um país estrangeiro é suficiente para uma vida mais feliz. Esse mito implicitamente sugere que as pessoas que têm comida, água, uma casa e relacionamentos afetuosos serão naturalmente felizes. Na realidade, o estado natural dos seres humanos é uma constante flutuação de emoções. É importante visualizar as emoções como o tempo, que está em constante mudança. Assim como o clima, as emoções também mudam de momento a momento, e é natural sentir ansiedade em situações incertas ou medo em situações perigosas. Entender isso pode nos libertar da pressão de buscar uma felicidade idealizada e nos ajudar a encontrar significado e realização mesmo em meio às dificuldades. É fundamental atender às necessidades básicas humanas para ter uma boa saúde mental, mas não é suficiente para garantir a felicidade.
2. MITO 2
É comum que pessoas migrantes ou expatriadas se frustem porque acreditam que a mudança para um novo lugar ou situação trará felicidade plena. Por exemplo, pensar que ao se mudar para a Espanha, a vida iria melhorar e trazer a tão sonhada felicidade. No entanto, ela não se resume a um estado de prazer e contentamento, como muitos dicionários a definem. Se essa é a nossa noção de felicidade, ela será efêmera.
Ao pensarmos no dia mais feliz da nossa vida, percebemos que o estado de prazer ou alegria durou um tempo. Logo após, surgiram frustrações, decepções, preocupações ou irritações. As coisas que verdadeiramente nos nutrem e enriquecem a vida não nos proporcionam apenas sensações agradáveis. Pense nas pessoas que ama e cuida, com as quais passa boa parte do tempo. Será que há alguma relação em sua vida que gere somente sentimentos prazeirosos?
Em toda relação também há tensão e atritos. A maternidade é um exemplo que nos mostra como sentimentos de significado e plenitude podem vir acompanhados de outras emoções fortes e desagradáveis. Isso também se aplica a projetos de vida, como construir uma carreira profissional em outro país ou viver como nômade digital. O mito da felicidade plena é uma armadilha que nos impede de alcançar uma realização duradoura. Entender isso pode nos libertar da pressão de buscar uma felicidade idealizada e nos ajudar a encontrar significado e realização mesmo em meio às dificuldades e imperfeições.
3. MITO 3
É comum sentir que algo está errado quando você está onde sempre sonhou e ainda assim não se sente feliz. Existe um mito de que há algo que precisa ser consertado em você para que a felicidade seja alcançada. Ele é difundido através de cursos, terapias e coaching que prometem consertar o que está “errado” em você, mas na realidade, não se sentir feliz é normal e faz parte da jornada humana.
A vida é dura e difícil, e muitas vezes o sofrimento é inevitável. No entanto, o mito de que a felicidade é o nosso estado natural (MITO 1) pode levar as pessoas migrantes a encarar o sofrimento como fraqueza ou falha pessoal. Na verdade, a vida é imprevisível e os processos mentais saudáveis podem levar a momentos de dor. Lidar com essa dor e superá-la é um processo que pode ser aprendido e desenvolvido, sem a necessidade de corrigir algo em você que supostamente está “errado”.
Os enganos que nos afastam da felicidade genuína: Uma jornada de autoconhecimento
Alcançar a felicidade no exterior pode ser um desafio complexo, muitas vezes obscurecido por mitos e expectativas irreais. Uma perspectiva alternativa de felicidade oferecida por Russ Harris é a ideia de uma vida significativa. Uma vida rica e repleta de significado, na qual abraçamos todas as emoções humanas possíveis. Ao reconhecer e desafiar esses mitos, podemos começar a viver de acordo com nossos valores e objetivos pessoais, e essa é a chave para a verdadeira felicidade.
Na psicoterapia, trabalhamos juntos para criar uma ideia mais real e possível de felicidade, baseada em ações comprometidas com o que é valioso para cada indivíduo. Não precisamos nos livrar de todas as emoções desagradáveis para viver melhor e experimentar a felicidade dentro de nós. É importante lembrar que a felicidade não é um estado constante, mas sim uma jornada contínua que vale a pena ser explorada.
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Recomendações:
Vídeo “The Hapiness Trap” (4 minutos)
Livro “As Armadilhas da Felicidade” de Russ Harris
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As Psicólogas Intercambiamente apostam nessa ideia de felicidade. Tire suas dúvidas sobre a terapia online ou marque uma sessão.
Quem escreve:
Luiza Sbrissa é Psicoterapeuta especializanda em Terapia de Aceitação e Compromisso e Mindfulness, e se dedica a ajudar brasileiros/as e hispanohablantes que vivem no exterior a melhorar sua saúde mental e bem-estar. Com formação em Psicologia e Mestrado pela Universidade Federal de Santa Maria no Brasil, Luiza tem experiência em pesquisa na Espanha em temas como Psicologia Social, migrações e estudos feministas, o que traz uma perspectiva interdisciplinar e multicultural para o seu trabalho como Psicoterapeuta. Ela oferece suporte online a pessoas em todo o mundo, ajudando-os a desenvolver habilidades para lidar com emoções difíceis e construir uma vida mais plena e satisfatória. Seu objetivo é fornecer um espaço seguro e acolhedor para que a pessoa possa explorar seus pensamentos e sentimentos, descobrir seus valores e aprender a agir de acordo com eles.
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