Terapia Online para Brasileiros no Exterior

Estranhando a pátria amada: visitar o Brasil depois de anos no exterior não é só flores

Que alegria. Você acabou de comprar as passagens para voltar ao Brasil e visitar família e amigos depois de anos morando no exterior. Muitas horas de trabalho e dedicação são investidos nesse momento de muita felicidade. Que saudade, que emoção poder voltar e estar com as pessoas queridas que você sente tanta saudade mundo afora. Isso mesmo, você se sente eufórica(a). Lembrou daquele almoço de domingo gostoso com a família, da feijoada, das frutas apetitosas, do calor humano…e de repente bate aquela ansiedade. Aquela angústia que você não sabe de onde vem, mas que começa a se instalar de dentro pra fora, num cantinho escuro da sua mente, se espalhando pelo seu corpo sem que você possa evitar.


Deixa pra lá. Que bobagem. Você volta a pensar no churrasco com a família e sente aquele calor no peito. Aí você lembra das brigas com o seu pai no passado. Das perguntas indiscretas de alguns familiares sobre sua solteirice e vida financeira. Ou das piadas sobre o casamento com o gringo(a) e de você ter se dado bem através do greencard (como se você não tivesse trabalhado e conquistado seu espaço em outro pais sozinha(o) também). Você lembra daqueles amigos queridos que você não vai conseguir ver, pois cada um está em um canto diferente do país e você é uma(um) só com 15 dias para ver todo mundo de uma vida inteira…e a ansiedade voltou mais forte. Vem aquele aperto no peito, aquela sensação de que falta ar, de gosto amargo na boca. Mas que coisa! Era para ser mais um momento maravilhoso em sua vida…porque raios você tá se sentindo assim? Porque??!


Meus amores, existe um motivo para você ter ido embora, certo? Hahahaha, brincadeiras à parte…visitar o Brasil é maravilhoso. Eu particularmente amo tanto nosso país que voltei de vez (apesar de ter planos de voltar a viajar, já estou aqui desde 2019 e muito feliz com minha escolha). Mas adivinhe: você pode sentir alegria e ansiedade ao mesmo tempo ao turistar no Brasil. Você pode estar maravilhada(o) e triste tudo junto, reunido. Afinal, muitos problemas, dificuldades que existiam antes vão seguir lá. Mesmo que você tenha possivelmente esquecido deles de tanta saudade. E tem mais: você mudou!!! Seu estilo de vida mudou, a língua que você pensa a maior parte do seu dia mudou (e seu português deteriorou), seus costumes mudaram, os tipos de pessoas que você convive a maior parte do tempo mudaram…como que você espera chegar ao Brasil e viver a vida brasileira como era antes? Guess what, you won’t.


Por isso que, da mesma forma que você planeja sua ida ao exterior (seja por turismo, seja por um curto prazo de tempo, seja para “sempre”), é bom planejar nos mínimos detalhes (ou o que você conseguir com sua provável rotina louca de trabalho) para evitar uma surpresas desgastantes de última hora ao chegar no Brasil. Especialmente no quesito emocional – um dos ignorados pelos viajantes desse mundo (e sim, a psicóloga aqui se inclui nessa).

Então escute a voz da experiência e do conhecimento para se preparar emocionalmente para sua viagem ao Brasil ser gostosa, dentro do possível. Lembrando que perfeição não existe: mesmo com desafios e um pouco de ansiedade, vai valer a pena viver se é importante para você. Aqui vai, em números e poucas palavras já que millenials e geração Z só funciona assim:

1 – Entenda que a cultura brasileira é diferente do país que você vive

Visitar o Brasil vai exigir abertura e readaptacão cultural, sim. Provavelmente você mudou. Se faz muitos anos que você mora fora, você TEVE que mudar. Talvez você até goste mais do jeito que as coisas são no país que você vive hoje. Mesmo que você tenha saudade do “jeitinho brasileiro”. Mesmo que você esteja muito feliz de voltar a socializar muito durante as férias, como a gente em geral gosta por aqui, talvez você estranhe essa convivência toda. Esse calor humano. O barulho. Até mesmo o tempero da comida. Aceita que você mudou e se prepare para estranhar os costumes brasileiros – isso não faz de você um alien e nem do jeito brasileiro “errado”. Só temos diferenças culturais mesmo e nada como um olhar atento e aberto para lidar bem com elas (para dentro, principalmente).


2 – Identifique prioridades na hora de definir quem você vai ver/visitar.

Você não vai conseguir ver todo mundo – e talvez você não queira ver todo mundo. E sim, tá tudo bem. Comunique isso para as pessoas queridas (mas não precisa dizer que não quer ver elas, tá, hehehe). Combine de se ver em outro momento se ficar muito apertado. Não faça a besteira de querer ver tudo e todos a todo custo: você não vai conseguir, vai se frustrar, vai frustrar outros e vai se estressar enquanto devia estar curtindo (sim, escute a voz da experiência). 


3- Separe momentos para passar tempo sozinha(o) do mesmo jeito que você se acostumou a fazer ao morar fora.

Não, não caia nesse papo de que “sozinha(o) eu fico no país X”. Em geral, temos uma convivência social intensa com amigos e familiares que é rara de ver em outras culturas, principalmente na América do Norte e Europa. Sim, você talvez estranhe isso. Eu estranhei (pasmem, eu sempre fui uma labradora humana, carente e dependente de companhia). Depois de dois anos morando nos EUA eu vi que minha bateria social mudou radicalmente e hoje preciso de tempo comigo mesma para recarregar. Planeje isso e nos agradeça depois.

4 – Invista tempo em coisas divertidas ao passear no Brasil.

É, lembra que é um passeio? Pois é. Vá naquele restaurante que você ama, visite o parque novo da cidade, saia para festa com amigos queridos ou passe uma madrugada jogando videogames com eles. Qualquer coisa que você se divirta muito fazendo tá valendo. Pesquisas confirmam que o riso melhora o humor, neutraliza o stress e melhora a resiliência (mas você não precisa de pesquisas científicas para saber disso). E sim, eu adicionei isso na lista porque muitos brasileiros que vem turistar aqui acabam: a) visitando todos os médicos em 15 dias; b) resolvendo treta familiar; c) resolvendo burocracias familiares; d) cheio de eventos/convites que nem queria ir. É, eu sei que você sabe que preciso te lembrar de se divertir.

5 – Pratique a auto compaixão e o autocuidado: se acolha ao estranhar a pátria amada.

Não deixe a voz da autocrítica tóxica estragar esse momento lindo – seja compreensiva(o) consigo mesma quando encontrar dificuldades mesmo ao turistar. Ao achar as coisas meio esquisitas. Ao querer voltar logo para sua “nova” casa. Mantenha sua rotina de atividades de auto-cuidado que te ajudam a minimizar essa auto-critica e a manter o equilíbrio emocional. Te ajudam a ser mais suave com você mesma(o). Ao nos tratar com afeto e bondade interpretativa (sem acusações de más intenções desnecessárias por trás de tudo que pensamos ou fazemos), aceitamos nossos limites com mais facilidade e nos amamos mais.


E por fim, por favor, não veja essa lista como “normas de como turistar no Brasil”. Detesto normas, de qualquer origem. Mesmo que eu pareça “mandona”, essa lista é um convite para você tentar ver seus pensamentos, emoções e ações enquanto visita o Brasil com outros olhos. De outra perspectiva. Quem sabe com mais auto-acolhimento. Coloque em prática o que você conseguir e quiser e depois vem nos contar como foi matar a saudade do nosso Brasil amado, que com o tempo pode também ser estranhado, mas segue firme e forte em nossos corações com seu lugar de casa, nem que seja a segunda agora.



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